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1-Na sua opinião o que significa ser um/a escritor/a?
Ser escritor é ser uma criatura dissimulada que veste mil peles. É como Fernando Pessoa já falou “o poeta é um ser fingidor”. E eu vejo isso como algo bem real, porque, quando escrevemos vivemos várias outras vidas e é algo que sou completamente fascinado. Então, sim, ser escritor é ser tudo e, ao mesmo tempo, nada. É sempre essa dualidade entre real e fantasioso.
2- Quando começou a escrever?
Olha, pra falar a verdade, acho que sempre escrevi. Por volta dos sete anos eu montei minha primeira grande história e que ainda tenho registro: O rato que roeu a igreja. Hoje, olho pra ela e morro de rir com a vida do Rato Ratonildo Rodrigues (sim, ele tem nome completo) e suas desventuras roendo tudo o que havia numa igreja… Inclusive tem uma penca de ilustrações autorais junto, uma senhora obra prima.
Depois disso fui vivendo em narrativas muito aleatórias e, por volta dos quatorze, me entreguei a escritos mais sérios. Foi quando descobri que escrever seria como respirar. Nessa época - que foi bem difícil por sinal - fui me relacionando a contos e poemas, fluindo para novas aventuras cada vez mais complexas. Esse ano mesmo, levei três tapas na cara, para pagar a língua ao falar mal de romances. Cá estou eu me aventurando, pela primeira vez, nesse tipo de história.
3-Como é seu processo de criação? Como é a sua rotina e quanto tempo leva em média para terminar um livro ou texto?
Meu processo de criação é um pouco complicado, pra ser bem sincero. Muitas vezes. as histórias me acham, quando elas precisam ganhar vida e vir para o nosso mundo. É como se elas fossem trazidas pelo ar e puft, sirvo como mecanismo para torná-las reais. Claro que isso não é uma regra, às vezes eu paro e penso a respeito das coisas que estão ao meu redor, dos sentimentos e das percepções que tenho, buscando traduzi-las em palavras.
Sempre tento estar completamente envolvido no que vou escrever, então pesquiso muito sobre, vou juntando as ideias lá nas prateleiras da mente até que chega a um volume considerável e jogo no papel ou computador, depende do contexto. Mas algo que sempre acontece é sentir que chegou a hora, pois enquanto não tiver batido essa sensação nem adianta eu tentar botar pra fora que não flui nem com reza brava.
Dentro de uma rotina de criação tem alguns elementos que sempre se fazem presentes. Música é indispensável, por mais que tenha muita variedade sempre comigo. Outro que nunca me larga é o café, às vezes com leite. Circe, minha gata, é outra que sempre tá comigo, inclusive, ela tá deitada nos meus pés enquanto te respondo aqui, haha.
E, quanto ao tempo, depende muito. Vai no ritmo que a história me permite ir, já teve vez de eu escrever trinta páginas em dois dias, mas tem vez que não consigo passar de uma linha numa semana. Mas, na média, demora um ano para produzir meus livros.
4-Conte pra gente:
Um livro nacional preferido: Sempre que penso na escrita nacional é automático falar Dom Casmurro de Machado de Assis. Eu amo o impacto que essa obra tem e que, até hoje, segue a famosa dúvida se Capitu traiu ou não traiu.
Um autor nacional preferido: Augusto dos Anjos tem uma importância muito grande para mim e influência em algumas das minhas escritas.
Um livro nacional que indica: Tietar em família, Os Cinco Pilares.
Um autor nacional que faria parceria: Provavelmente a gente ia ter umas dez brigas para deixar um parágrafo pronto, mas eu faria com meu irmão Crísthophem Nóbrega.
5-Quais foram as mudanças na sua vida depois que começou a escrever?
Sinto que encontrei a significação da minha existência. Muitas vezes sinto que meus escritos não são realmente meus, mas que eles me encontram por precisarem existir de algum modo e eu fui a ponte entre o mundo das ideias e sensações com o físico. Então, desde que comecei a escrever, percebi que é minha função existencial, não é à toa que digo que, pra mim, escrever é como respirar.
6- Um livro que marcou sua vida?
Olha, aqui eu acabo não podendo falar de apenas uma obra, sorry. Eu não era fã de leitura por causa da escola, sabia? Com aquela velha história de forçar livros complexos e densos logo no começo da formação, meio que me fez criar uma aversão bem forte. Eu não suportava a ideia de ler, era algo estritamente obrigatório.
Com uns quinze anos foi que eu tive mais proximidade e foi por causa do Guia de Caça de Bobby Singer do David Reed. Foi o primeiro livro que me agarrei e queria devorar o quanto antes, foi a partir dele que fui me apaixonando pela literatura.
Mas não posso negar a importância do universo de Percy Jackson do Rick Riordan, com ênfase no Ladrão de Raios. Foi uma saga muito importante para mim e que me possibilitou conhecer muitas pessoas nos fandoms. PJO é e sempre será minha saga do coração.
7- Autor/a que teria vontade de conhecer pessoalmente?
Olha, tenho que me render e citar, novamente, o tio Rick. Ele me traz muitas memórias boas e eu já li boa parte da obra dele, sendo a saga de mitologia egípcia a minha queridinha no quesito escrita. Ele me instigou a me arriscar e criar meu universo de fantasia na saga que trabalho há alguns anos e que espero trazê-la ao mundo público em breve.
8- Quais suas obras publicadas?
Eu sou muito novo nesse mercado, pelo menos por enquanto. Em 2019 participei de uma antologia organizada pela Editora Vivara, o Prêmio Poetize, novos poetas. Nela eu participei com um poema intitulado “O Beijo”, uma interpretação do quadro de mesmo nome feito por Gustav Klimt, minha pintura favorita.
Em 2020 participei da antologia mais perfeita que chama, né, garota? Nosso bebê, a Sentimentos Poéticos com selo da LN Editorial. Foi uma dupla jornada de trabalho, na verdade, tanto estava como co-organizador quanto participante, levando os contos “Ferramenta e Ode à preguiça”.
Uma surpresa, (olha o spoiler), fui selecionado pela Editora Lettre para sua mais nova antologia, a Loucuras de Verão, prevista para sair no comecinho do ano que vem. Nela terá um conto meu que é muito simbólico chamado "Amor à primeira vista."
Inclusive, toma outro spoiler… Ainda com previsão para este ano, tenho duas propostas de lançamento. Uma coletânea dos meus poemas intitulada “O que restou de mim”, graças à seleção num edital regional da Lei Aldir Blanc. E, se tudo der certo, também planejo lançar o Volume I da trilogia Esse não é um romance água com açúcar.
Obrigada pela maravilhosa entrevista, desejo lhe muito sucesso!
#entrevista#books#autoresnacionais
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